quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Elevando

Estou num momento em que eu chamo de “retiro espiritual”, no começo não era bem o que eu desejava, ainda estava lotada de vontades e desejos bastante sociais, porém depois de um tempo, quando sem querer a calma foi se estabelecendo, tudo então ficou muito mais fácil e meus anseios se tornaram outros como num passe de mágica. Estou seguindo a correnteza e isso é muito melhor que nadar contra ela. Só não é um retiro em si, porque eu ainda tenho que conviver com as pessoas em minha casa e trabalho, mas gosto de pensar assim, esse é aquele momento em que eu quero conhecer tudo.
Quando me vi completamente apartada de uma vida e mente tumultuadas de coisas senti um desejo latente de seguir com mais afinco meu caminho espiritual e quanto mais eu dava vazão a esse desejo, mais calma ia me tornando. Pude ir compreendendo meus desejos anteriores, pude notar o quanto eram descontrolados e vazios de propósitos, vi claramente que eles eram somente um meio de me fazer fugir de mim mesma. Mas, eu tive que caminhar até aqui, eu tive que conseguir essa sobriedade de um jeito que eu não sei explicar.
Tudo o que me vem à mente quanto essa libertação é que meu poder pessoal me guiou até aqui, que meu Daimon me soprou as palavras certas aos ouvidos e mesmo confusa e atormentada pelos meus desejos fúteis, fui aos poucos me deixando guiar. Com isso também fui ficando mais forte, mais forte a ponto de não me deixar atormentar por aquilo que eu chamava de desejo, quando na verdade era uma “não-aceitação” da realidade e quanto mais forte eu ficava mais forte sentia vontade de ficar.
Eu ainda continuo com o mesmo desejo de poder e equilíbrio e às vezes me pego em meu próprio jogo como que se eu tivesse muito acima do resto da humanidade, grande ilusão, eu tenho que me lembrar que estou apenas engatinhando, que eu ainda tenho muita coisa para fazer, muito conhecimento para adquirir e que essa vontade é só minha força impulsora e que se eu não falhar com a disciplina tudo tende a melhorar e tudo também se tornará mais claro para mim.
Muitas vezes me questiono se não é minha vaidade exacerbada que ofende aos deuses, estou sempre muito orgulhosa a cada obstáculo que eu venço e acabo olhando para os que ainda estão atrás com um certo ar de intolerância e arrogância. Penso que embora eu subi um degrau há algo que eu sempre tenho que ter em mente, não são os que estão embaixo que deve me fazer reconhecer que eu subi, mas o presente e o conhecimento que esse novo patamar está me dando. Nunca, em nenhum momento de minha vida havia ficado tão claro que conforme eu vou subindo, vou dando suporte para os que estão vindo atrás de mim. Generosidade não é uma virtude, embora eu ainda não compreenda, ela parece ser indispensável.

Um comentário:

  1. Se eu disse que li quase jurando que era eu que tinha escrito isso, você acredita? Porque foi o que eu senti a cada linha, em todos os aspectos, sem tirar nem por!

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