domingo, 23 de agosto de 2009

Zeus - O Protetor dos Deveres da Hospitalidade




Zeus foi o rei dos deuses, o deus do céu e da tempestade, do destino dos homens e nações, da lei, da justiça e da conduta moral. Ele foi largamente cultuado na Grécia Antiga com numerosos templos e santuários. Muitos desses foram localizados no topo de colinas ou picos de montanhas, encontrou-se lugares onde oferendas eram tradicionalmente feitas para o deus que traz a chuva. Ele foi também cultuado particularmente pelas famílias em pequenos templos domésticos. - Retirado do site Theoi


“Xenios (Hospitaleiro): aquele que guarda a hospitalidade. Zeus também é chamado de protetor dos deveres de hospitalidade (Xenios)”. – Retirado do site Theoi

Por algum motivo hoje eu decidi falar um pouco sobre Zeus, deus ao qual eu sei muito pouco, embora estivesse sempre presente em minha vida de uma maneira ou de outra. Acho que como as outras pessoas eu gostava de pensar mais a respeito de um Zeus guerreiro, portador da égide, soberano, rei, senhor de tamanha nobreza ao qual muitas vezes eu não julgava estar sequer aos pés.
Admito ter ficado espantada quando li há algum tempo que Zeus era protetor dos casamentos (Gamelios), protetor das provisões (Ktesios), mas o que mais me chamou a atenção e pelo o que eu realmente quero falar neste ensaio é sobre Zeus Xênios, aquele que guarda a hospitalidade, o protetor dos deveres de hospitalidade. Na Antiga Grécia, era obrigação receber bem todo e qualquer estrangeiro, de prestar cuidados, auxílio e hospitalidade, isso era um código inviolável de paz.
Nos dias em que vivemos é muito difícil honrar esse código de conduta, nem sempre nós podemos abrir as portas de nossas casas para receber um estranho porque não sabemos na verdade o que nos pode acontecer. Vivemos temerosos e inseguros diante da brutal violência a qual temos de lidar em nosso cotidiano, além de vivermos numa sociedade que carece sem sombra de dúvida de valores. Porém, não por isso devemos deixar de exercer esse código.
Quando recebemos um amigo ou um amigo de um amigo em nossa casa, nós devemos dar-lhe o que há de melhor lá. Não precisa seguir um manual para saber como tratar alguém como que se estivesse recebendo um rei em sua casa, todos nós sabemos como agir, como agradar, como cuidar, como acolher alguém. É dessa forma que devemos ver as pessoas, como nobres que atravessam o nosso caminho, sejam essas pessoas o que forem. Damos o que há de melhor para elas, não para mostrar o que temos, mas sim para nos enobrecer com tal gesto, como faziam os antigos. Cultuar Zeus implica também em seguir seus códigos, fazer aquilo que a energia do Deus nos impele a fazer.
Quando recebemos as pessoas em nossas vidas, seja da forma como for, temos de dar a elas a nossa hospitalidade, o auxilio que elas precisam, cuidar das coisas que elas necessitam e quando partirem sabermos que fomos nobres em nossos gestos e que se algum dia precisarmos estar numa terra estrangeira, talvez tenhamos amigos lá também para nos acolher. Falo também de forma figurada. Muitas vezes pessoas entram em nossa vida num momento em que precisam de nós, podemos dar as costas e fingir que não ouviu as batidas em nossa porta, como podemos abrir a porta e acolhê-las e cuidar delas no tempo em que estiverem em nossas vidas.
Nós pensamos muitas vezes que nem sempre a pessoa agirá com reciprocidade e talvez quando precisarmos dela, ela não nos ajude. Pensamos também que ela pode violar o nosso lugar sagrado, bagunçar com a nossa vida, trair nossa boa índole e se isso acontecer, ela estará violando um acordo sagrado e nós temos todo o direito de declarar “guerra” a essa pessoa, pedir por justiça, buscar pela justiça. Esse caso é muito bem exposto na Ilíada quando Páris abusou da boa acolhida do rei Menelau de Esparta e levou Helena consigo para Tróia. Não somente pelo adultério e desonra do rei Menelau, porém ser acolhido, bem recebido e retribuir todo o apreço do anfitrião com uma traição humilhante era inadmissível. Violar uma regra sagrada era incitar a guerra.
As Máximas Délficas que nos lembra sempre disso são as quatro listadas abaixo, segundo a minha percepção:


55. Dê de volta o que recebeu (Λαβων αποδος) .
93. Lide gentilmente com todos (Φιλοφρονει πασιν)
97. Seja cortês (Ευπροσηγορος γινου)
106. Seja grato (Ευγνωμων γινου)

Da mesma forma nós devemos lidar com os deuses, como muito bem explicado num artigo de Carolyn Hanson, traduzido para o português por Alexandra Nikasios:

Xenia - Amizade convidativa, hospitalidade. O anfitrião e o hóspede/convidado são unidos por concordâncias especiais de amizade, proteção e reciprocidade. Tal relacionamento não é muito diferente do relacionamento entre um cultuador e um Deus. - Conceitos Importantes na Religião Helênica

Como reconstrucionistas helênicos é um dever exercer a hospitalidade como uma forma de honrar e alegrar Zeus, carentes de valores como estamos, devemos buscar agir em nossas vidas adotando códigos de condutas que condizem com a nossa fé e assim ter também um bom relacionamento com nossos deuses e nossos antepassados que nos legaram essa religiosidade que buscamos exercer hoje. Fazer rituais é importante, mas não é somente isso que precisamos para exercer nossa espiritualidade.

Que Zeus e Apolo nos abençoem nessa obra.
Ésto.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Elevando

Estou num momento em que eu chamo de “retiro espiritual”, no começo não era bem o que eu desejava, ainda estava lotada de vontades e desejos bastante sociais, porém depois de um tempo, quando sem querer a calma foi se estabelecendo, tudo então ficou muito mais fácil e meus anseios se tornaram outros como num passe de mágica. Estou seguindo a correnteza e isso é muito melhor que nadar contra ela. Só não é um retiro em si, porque eu ainda tenho que conviver com as pessoas em minha casa e trabalho, mas gosto de pensar assim, esse é aquele momento em que eu quero conhecer tudo.
Quando me vi completamente apartada de uma vida e mente tumultuadas de coisas senti um desejo latente de seguir com mais afinco meu caminho espiritual e quanto mais eu dava vazão a esse desejo, mais calma ia me tornando. Pude ir compreendendo meus desejos anteriores, pude notar o quanto eram descontrolados e vazios de propósitos, vi claramente que eles eram somente um meio de me fazer fugir de mim mesma. Mas, eu tive que caminhar até aqui, eu tive que conseguir essa sobriedade de um jeito que eu não sei explicar.
Tudo o que me vem à mente quanto essa libertação é que meu poder pessoal me guiou até aqui, que meu Daimon me soprou as palavras certas aos ouvidos e mesmo confusa e atormentada pelos meus desejos fúteis, fui aos poucos me deixando guiar. Com isso também fui ficando mais forte, mais forte a ponto de não me deixar atormentar por aquilo que eu chamava de desejo, quando na verdade era uma “não-aceitação” da realidade e quanto mais forte eu ficava mais forte sentia vontade de ficar.
Eu ainda continuo com o mesmo desejo de poder e equilíbrio e às vezes me pego em meu próprio jogo como que se eu tivesse muito acima do resto da humanidade, grande ilusão, eu tenho que me lembrar que estou apenas engatinhando, que eu ainda tenho muita coisa para fazer, muito conhecimento para adquirir e que essa vontade é só minha força impulsora e que se eu não falhar com a disciplina tudo tende a melhorar e tudo também se tornará mais claro para mim.
Muitas vezes me questiono se não é minha vaidade exacerbada que ofende aos deuses, estou sempre muito orgulhosa a cada obstáculo que eu venço e acabo olhando para os que ainda estão atrás com um certo ar de intolerância e arrogância. Penso que embora eu subi um degrau há algo que eu sempre tenho que ter em mente, não são os que estão embaixo que deve me fazer reconhecer que eu subi, mas o presente e o conhecimento que esse novo patamar está me dando. Nunca, em nenhum momento de minha vida havia ficado tão claro que conforme eu vou subindo, vou dando suporte para os que estão vindo atrás de mim. Generosidade não é uma virtude, embora eu ainda não compreenda, ela parece ser indispensável.

domingo, 9 de agosto de 2009

Ares


Ele nos motiva a sair do sofá e fazer uma mudança. Ele é a personificação da evolução. Mude ou morra. Abrace o conflito e procure pela vantagem nisso”. - Alexandra Nikasios em A Força de Ares

“O mundo pode ser um lugar duro e cruel. Ares nos ajuda a passar por isso. Suas bênçãos são a força, a coragem, a fortaleza, a astúcia, e a paixão em lutar pelas coisas que achamos importantes. Ele nos ajuda a desprender o que não for eficiente, a nos tornarmos firmes a fim de encontrar a adversidade da vida. Ele é um mestre durão, mas quando as coisas começam a desmoronar à sua volta, ele é precisamente a pessoa que você vai querer ao seu lado." (Sannion)

Assistindo Roma, num momento a amante de Julio César recebe uma correspondência dele e não gosta ao ver que ele usa a palavra “afeto” ao invés de usar a palavra “amor”. Sua serva sorri e a lembra: “O que você queria? Que ele aparecesse por aqui tocando harpa? Por favor, ele é um soldado, não um poeta!”. É dessa forma que Ares se comunica também, simples, direto, com poucas palavras e muitas ações, ele me faz compreender, por bem ou por mal, mas me faz compreender.

Eu ainda preciso falar mais sobre ele, porque gosto muito da presença tão constante Dele em minha vida, gosto da maneira simples como Ele fala comigo, comentava ontem mesmo com a minha irmã sobre isso, que Ele vem tão simplesmente e diz uma frase perfeita, algo como “Não há nada que você não me peça que eu não atenda” ou algo como “Vou fazer o que me pediu para que não pense que os deuses gregos não estão fazendo nada” ou “Isso tem que acontecer. É assim que tem de ser”. São assim sempre as lembranças de meus sonhos com Ares, frases simples, determinantes e duras.

Falava com um amigo helênico ontem e ele me dizia da época em que tinha um amuleto de Ares, muito sabiamente, ele falava sobre sua época de batalha, onde ele tinha que lutar contra muitas coisas, que ele tinha muitos desejos que queria realizar e que ele estava acima de tudo com sua auto-estima muito baixa. Bem, eu pensei, eu estou numa guerra parecida e tenho muitas coisas para conquistar, muitos bloqueios para ultrapassar e uma auto-estima para cuidar também e nisso tudo, Ares é o cara que eu quero mesmo que esteja por perto.

Ares é o pai sim de Fobos (medo) e Deimos (pânico) e tanto Fobos quanto Deimos já estiveram muito presentes numa fase complicada da minha vida, eu os entendo bem, os reconheço bem e embora sei o quanto eles são eficazes em certos momentos, sei que tenho uma propensão à não desobedecer às ordens de ambos, por isso estou sempre lutando contra eles, para que eles não me paralisem. Mas, Ares também é pai de Harmonia e não podemos desconsiderar isso de maneira alguma. Porém, pouco me importa nesse momento seus filhos, é da presença desse deus que eu quero falar, como uma forma de honrá-lo, de nos lembrar que a guerra é muito mais presente em nosso cotidiano do que nós julgamos.

Foi pedindo para Ares desobstruir meu caminho para aquilo que eu desejo alcançar que tudo aconteceu. Eu estava presa numa situação a qual eu me via como perdedora, fracassada. Quando vi que nessa situação uma pessoa que ocupava o lugar que eu almejava alcançar estava sendo protegida, eu não pude compreender. Como Ele que devia estar ao meu lado e abrindo os meus caminhos havia se colocado contra mim daquela maneira?

Foi o meu momento de fúria e lágrimas, não compreendia aquele momento. Quando Ele me disse que era assim que tinha que ser, eu me conformei a contragosto, Ele devia no mínimo saber o que estava fazendo, eu ainda não compreendia toda a situação, mas tinha uma sensação de que o que Ele estava fazendo fazia parte de um plano maior. Fui seguindo, até que tudo ficou realmente muito claro e eu me alegrei.

O lugar que eu queria alcançar na verdade não tinha nada a ver com o que eu realmente queria, minha visão estava deturpada e aquilo que eu pensava que era realmente o que eu desejava, era na verdade meu inferno na terra. Honrando minha natureza nobre e seguindo exatamente aquilo que eu tinha pedido, Ele de fato não me deu aquilo que eu pensei que estava intrinsecamente ligado ao meu desejo. Foi com alívio que eu consegui enxergar a situação com os olhos limpos, fiquei emocionada com a extrema proteção que esse Deus me proporcionou, Ele me honrou acima de qualquer coisa, como eu tanto clamava aos Deuses para me honrarem.

Com isso tive novamente que averiguar que nem sempre o que parece ruim é na verdade ruim e isso me deu um novo ar, isso só fez aumentar minha confiança em meus deuses, saber que Eles jamais vão me dar aquilo que me fará sofrer sem que eu tenha realmente que passar por isso, me deixa tranqüila e confiante. Nos prendemos muitas vezes em situações terríveis, achando que é exatamente isso o que nós merecemos, quando estamos na verdade mascarando o inferno que desejamos para nós e enquanto não deixamos que o tempo e os deuses nos faça compreender o motivo, não nos desprendemos dessas situações doentias que só nos puxam pra baixo.

De sua forma simples e rude, Ares estranhamente me arrancou daquilo que só me faria mal e me colocou num ponto de partida, onde eu noto que ainda há muito que fazer e que há muito que aprender e que não posso ainda supor como será daqui em diante, mas ele simplesmente tirou do meu caminho (ou da minha mente) aquele desejo deturpado que não me deixava seguir em frente enquanto passava meus dias tentando entender que diabos havia acontecido para que eu não alcançasse aquilo que eu almejava.

Temos de aprender que nossas mentes têm uma maldita mania de fazer com que pensamos que uma casa de madeira é uma casa de concreto, não importa quanta tinta jogamos nessa casa, uma casa de madeira é sempre uma casa de madeira e os deuses jamais nos darão uma casa de madeira quando pedimos uma casa de concreto, porque eles vêem muito além de nós e conhecem a essência das coisas e sabem sempre que por mais que pensamos que uma casa de madeira é uma casa de concreto, eles nos farão, por bem ou por mal, ver que aquela casa que inicialmente pensamos ser a que queríamos na verdade está longe de ser o que realmente queríamos. Lutar contra isso é tolice. Se vamos lutar, vamos lutar realmente por aquilo que queremos.

Efcharisto, Ares Ginaikothonias, aquele que as mulheres festejam.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Ares - Tem de ser assim...

Há sempre aquele momento na vida em que os deuses te jogam num canto e dizem: “Fique quieto aí e não se mexa”, eu dei o nome simples de “restrição”. Estive muito agressiva esses dias, levantei preces onde deixava claro minha insatisfação e minha confusão, há coisas acontecendo que eu não consigo entender de modo algum e que também não consigo aceitar que eu não estou entendendo.
Estive muito próxima de Ares e acabei desenvolvendo um tipo de amor por ele que é atípico, entendo perfeitamente que com cada deus eu terei um tipo diferente de relação, alguns eu amo sem entender, outros eu entendo sem amar, outros eu amo e entendo, outros eu sinto distantes de mim, alguns mais próximos, cada um ao seu jeito sempre fala comigo, às vezes eu entendo bem o que falam, outras vezes eu não entendo nada e vou deixando que o tempo vá me mostrando aquilo que eles querem que eu saiba, que eu aprenda ou que eu entenda.
Ares foi um deus que chegou pra ficar, eu entendo Ares no profundo de mim mesma, é como que se nós falássemos a mesma língua muito claramente e que não me restasse nenhum tipo de duvida quanto ele. Eu ousei pensar que ele poderia ser um patrono pra mim por conta desse tipo de relação. Zeus sempre se mostra muito próximo de mim e eu não consigo entender Zeus como entendo Ares, Zeus fala comigo e eu não consigo ver claramente o que é que ele fala, quando o contrário acontece com Ares.
Entre uma coisa e outra, confiei tanto em Ares a pedir uma coisa até um pouco “injusta” para ele, embora tudo depende exatamente do ponto onde se vê. No final eu pedi por sua proteção contra uma pessoa, o resultado foi um pouco bizarro, porque ele defendeu a outra pessoa de mim. Eu não pude compreender muito bem isso e tive que expor minha indignação, eu me sinto completamente no direito de pedir por proteção para os meus deuses e não julguei justo partirem deles uma proteção para uma pessoa que nem de minha religião faz parte, alguém que nunca levantou uma única prece, alguém que nunca expressou qualquer tipo de afeto para o Olimpo.
Levantei uma prece e ele me respondeu prontamente “Isso tem de acontecer, é assim que tem de ser”. No começo eu nem liguei muito para o sonho, porque estou assistindo a série Roma e na verdade quem me dizia isso era Marte Romano, o que me fez pensar por uns três dias que era um sonho comum com resquícios inconscientes por causa da série. Porém, hoje novamente eu tive uma abertura mental e notei que na verdade era sim uma resposta de Ares, a quem eu fiz a prece, ele nunca me deixa sem resposta, ele tem sido tão presente quanto Apolo, às vezes tem estado mais perto de mim que Dionísio, por exemplo.
Isso me fez pensar algo que no fundo me encheu de esperança, porque na verdade às vezes coisas acontecem e não entendemos porque tais coisas estão acontecendo e com o tempo vemos que aquilo tinha que acontecer daquela maneira para que pudéssemos ter o resultado exatamente como desejávamos. O modo como os deuses agem em nossa vida, nem sempre é o modo como pensamos que deve ser, nem sempre é como esperamos que seja, para no final entendermos corretamente porque todas essas coisas tiveram que acontecer antes. Então eu reli o sonho e eu pensei exatamente isso, que ao invés de ser uma traição, como eu cheguei a pensar que fosse, era na verdade uma estratégia do deus para me atender em minha solicitação.
Nesses momentos eu acho que é muito importante me lembrar do conceito xamã da Grande Teia, onde sabemos que somos todos, homens e deuses, interdependentes. Quando eu faço algo, a reação se expande por toda a teia universal, ninguém pode fugir disso, cada pequeno ato meu ecoa no universo de uma maneira que muitas vezes eu mesma em minha individualidade não posso sequer imaginar. Como na teoria do Caos, o bater de asas de uma borboleta nas Muralhas da China, pode causar um furacão nos Estados Unidos. Como eu mesma disse para uma amiga minha hoje, são as pequenas mudanças que causam uma grande mudança. Uma pequena mudança em meus hábitos alimentares pode fazer com que eu engorde ou que eu emagreça, simples assim. A vida é simples assim.
Foi com esta mesma simplicidade que de alguma forma eu pude entender o que Ares quis dizer com tudo isso, é dessa forma que eu tento compreender um pouco o que é que acontece, embora não entendo muito o porquê de ter de ser assim, algo em mim entende que isso é cabível e que isso é normal e que quando menos eu esperar vou entender tudo perfeitamente. Na verdade, como reconstrucionistas temos de aprender com os deuses, porque por mais registros históricos que encontramos sobre nossa religião, será em nosso dia-a-dia que poderemos compreender a fé de nossos antepassados e entender como eles lidavam com isso. Para o bem ou para o mal, eu tenho que entender que só estou aprendendo.

sábado, 4 de julho de 2009

Grupo, group, Kindred, Folk, Thiases ...

Muita coisa triste acontecendo em pouco tempo, isso sempre me faz pensar em meus deuses e nos aprendizados que tiramos dessas situações. Muitos pensam que cultuar os deuses na verdade pára exatamente nesse ato, não sei exatamente que vantagem Maria leva nisso, no final das contas, porque eu vejo os deuses como algo palpável e diário, eu vejo os deuses e suas ações em mim e nas minhas ações, nos meus amigos e parentes e nas ações deles.
Nos últimos meses eu me peguei compreendendo o quanto eu mesma estava desprovida de valores, no quanto eu mesma estava perdida por conta disso. Também por muito tempo em meu caminho espiritual eu quis caminhar sozinha e nunca havia me dado conta do quanto nós crescemos como seres quando temos a dádiva de podermos caminharmos em grupo, o contato, o carinho e mesmo as brigas nos elevam de uma forma grandiosa, de modo a fazer-nos pensarmos mais e mais no que devemos e podemos melhorar.
Como devota de Apolo, o desejo de ser melhor a cada dia é grande em meu coração, é um desafio afinal, ter de tomar uma nova postura diante da vida e das coisas, dos amigos e das paixões, da família e de si mesmo. Em minha concepção minha espiritualidade deve estar encerrada exatamente aqui, onde eu vivo, onde eu me encontro, onde eu sinto e penso, onde eu estou. Não sinto que meus deuses são apartados de mim, mas estão comigo em cada ação, no meu dia-a-dia, em meu desejo de me tornar uma pessoa melhor, em meu desejo de me vencer como meu pior inimigo (que sou).
Esse contato em grupo tem me elevado de um modo impressionante, tenho visto qualidades minhas que jamais havia visto antes, medos que jamais tive antes, estou tomando posturas e ações que eu também jamais havia tido antes. Entreguei fragilidades minhas, tais como medos, controles, dependências a Zeus e tenho tentado agir de acordo com isso, tenho tentado impor um novo comportamento a mim e entregando esse sacrifício a Zeus. Tenho pensado em milhares de coisas as quais eu desejo mudar, em milhares de coisas que me tornariam melhor tanto para mim, quanto para o mundo, sei que eu tenho que ir com calma, sempre um passo de cada vez, mas a cada dia que eu venço, que eu deito em minha cama e vejo que agi como deveria, sendo verdadeira comigo e com os outros, eu sinto que estou vencendo e me tornando cada vez mais pagã.
Como conversava esses dias no telefone com o meu irmão (de espiritualidade) preferido e que chegamos a um consenso onde sabemos que nos dias de hoje todos os conceitos cristãos que nos fizeram engolir goela abaixo durante toda uma vida, estão alguns tão arraigados que se tornar realmente um pagão se torna uma missão impossível (embora sabemos que isso é bem possível se realmente desejarmos isso) e isso instigou em mim, e acho que também nele, essa vontade de fazer melhor, de ser melhor, de abrir nossos pontos de vistas e de mudar nossas crenças e conceitos.
São nessas fases mais difíceis que encontramos uma luz, uma força que nos impele ir em frente, que nos faz desejar mudar tudo o que parece estar nos deixando estagnados. Quando pude ouvir minha amiga dizendo sobre suas dificuldades, eu vi o quanto foi importante todo este caminho, toda a lapidação que tenho recebido dos deuses, foi como que se eu tivesse visto que realmente eu subi um degrau. Hoje conversando com a Sis, notei que não vale a pena não sermos verdadeiros ou tentarmos passar uma imagem de “semi-deuses”, porque somos mortais e devemos pensar como mortais e viver como mortais, mascaras servem somente para nos prender, para estagnar nosso crescimento. E não creio que exista crescimento sem amor, nem amor sem coragem e nem coragem sem deuses e nem isso seria possível se eu não pudesse observar meu caminho com minha mente e pensamento e tampouco que eu pudesse observar tudo isso sem os olhos daqueles que verdadeiramente me amam e me apóiam nesse caminho.
Acho que acabei por fazer esse post se tornar exatamente um tipo de elogio e de passar a imagem do quanto estou feliz e do quanto sinto que estou crescendo, quando sei que posso compartilhar minha vida e espiritualidade com pessoas que realmente estão aqui comigo e eu espero de coração que eu esteja também fazendo a minha parte no caminho deles!

domingo, 14 de junho de 2009

Retornando e Altar

Será que preciso mesmo me explicar? Tudo mudou, eu precisava organizar a vida e organizar meus blogs também fazia parte desse processo, por isso juntei o Delfos para a minha conta do In My Chaos, isso era necessário, porque eu já estava ficando perdida com tantas contas e tantos blogs.
Perambulando pelo Parnasso encontrei um irmão nesse caminho, a quem eu sou muito grata e estou muito feliz de estar trilhando esse caminho, temos aprendido muito um com o outro e aprender é a palavra por aqui, porque eu mesma ainda tenho muito que aprender sobre o Helenismo e sobre tudo.

Pequena explicação feita, vão algumas coisas que eu fiz:
Meu simples altar de quarto:

A imagem acima mostra uma pequena parte do meu altar de quarto (rsrs), duas imagens que representam meus patronos Apolo e Dionísio, um pequeno prato de libações, onde deixo algumas coisinhas como pedras e ofertinhas que não estragam, meu jogo de palitos com o nomes dos Deuses Olimpianos e essa toalha azul é um presente meu à Atena (nem é o azul de Atena, mas como era a linha que eu tinha em casa fiz assim mesmo), uma pena não dar pra ver direito, mas eu mesma a fiz em crochê e nela eu escrevi o nome de Atena em Grego: ΑΘΗΝΗ.


Aqui até que dá pra ver um pouco o nome de Atena na toalha. Ao lado uma imagem de Afrodite e alguns palitinhos com os nomes das pessoas que caminham comigo por esta trilha espiritual (Sharon, Vini e minha irmã). Porta incenso que ganhei em um dos ESP-SP e bibelozinhos de golfinhos, cisne e leão.

Uma foto por cima do altar após uma prece. A vela de Héstia ao canto apagada já, as imagens dos deuses, parte do aparelho de som que dividi meu altar sobre a comoda (rsrs), a caixinha de madeira que comprei para Dionísio após sonhar com isso, a miniatura de uma espada para lembrar Agon, o saquinho de crochê que fiz para o Vini colocar seu Oráculo Apolíneo e bagunça. O caldeirão, o chifre outras coisas que uso não estão nessa foto porque normalmente os deixo guardados.


Copiando a idéia da Alexandra Nikasios também fiz os nomes de Deuses para deixar sobre o altar, pirografando-os em palitos de madeira.
E é isso... Só para dividir um pouquinho de minha vida pagã com vocês!
See you!



sábado, 4 de abril de 2009

Presentinho de Dionísio!

Efxaristo, Dionísio!

Primeiro eu pensei em falar sobre a Delphinia, foi o Ritual com direito a comilança, dança, transe e tudo! Tive um sonho todo especial depois, que embora não fosse nada relacionado com o esplendor dos deuses, estava intimamente ligado com as minhas questões pessoais que lancei no ritual. Claro que eu pensei muito em Delfos antes de criar o ritual e segundo minhas parcas informações, esse era o lugar aonde as pessoas iam para resolver seus impasses, como eu também tenho os meus, me baseei nisso para terminar de formar o meu ritual. Foi lindo!
Porém, na manhã do dia de Delphinia, não era em meu amado Febo Apolo que eu estava pensando, mas sim no meu doce e risonho Dionísio. Dionísio se transformou sem sombra de dúvida no meu Deus libertador, acho que logo- logo ele estará sentadinho ao lado de Apolo em minha devoção particular. Então, ainda na manhã, eu peguei um gostoso cacho de uva verde que estava na geladeira de casa e prontamente eu pensei em Dionísio, Ele que tem me aliviado em meus momentos de angustia, e então eu pensei: “Por que não uma prece bem feita em agradecimento?”. Foi o que eu fiz!
Foi com coração sincero que comecei recitar os Hinos Homéricos, berrar Evoé em plena oito horas da manhã, para chamá-lo em seguida pelos seus epítetos e agradecer por tudo o que tem feito. Não era minha intenção inicial, mas como se fosse algo completamente intuitivo, iniciei uma pergunta do tipo: “O que eu te pediria? Eu que tenho muito que agradecer, não o que pedir? Sinto-me até incomodada a pedir a quem me faz tanto”. Mas, como que impulsionada pedi algo muito bobo, mas que daria um ar um pouco mais alegre a minha vida. Dormi logo em seguida e deixei a velinha lá queimando ao lado do cachinho de uva, tudo muito simples. Na quinta-feira, dia de Apolo, eu nem me lembrava mais que eu tinha pedido algo para Dionísio, aliás eu estava toda impregnada com a energia da Delphinia, mas me sentia meio jururu. Recitei os Hinos Homéricos de Dionísio e Apolo e lá eu fiquei ouvindo musica.
Quando eu fico assim meio down, eu prefiro me isolar, mas naquele dia ao contrário, eu insistia em lutar contra aquilo e sair, ao menos para caminhar, ou conversar com as amigas. Duas horas tentando me convencer de que sair era o melhor mesmo e lá fui eu pra casa de uma amiga, depois decidimos ir pra um barzinho beber um chop e ficar relaxada, e lá foi que aconteceu aquilo que eu pedi para Dionísio, mas eu sequer me dei conta no momento. Quando eu cheguei em casa e me deitei na cama, olhei para o meu pequeno altar e entre as coisas de Apolo, estava o cachinho de uva de Dionísio e eu pensei: “Pelos deuses! Não foi que Ele me atendeu mesmo!” Saí gritando em plena madrugada, totalmente ensandecida “Efxaristo, Dionísio! Efxaristo, Dionísio!” E tudo o que eu bem queria fazer era ficar gargalhando (doida mesmo).
É, às vezes os deuses tem de ficar empurrando essas malucas tipo eu, que pede as coisas, esquece e depois nem se dá conta de estar recebendo uma graça! Vivendo e aprendendo!

terça-feira, 31 de março de 2009

Xairete Theoi

Θ
{Theoi}
Deuses
Os deuses te auxiliarão neste teu caminho.



Tive um sonho simples, bastante simples, cheio de meus dramas atuais, com minha paixonite como personagem principal, porém eu lembro de encontrar um nome escrito em grego que agora eu não consigo me lembrar e uma letra me era dada, a letra Theta Θ. Logo que acordei tive a sensação de que eu tinha que descobrir o que essa letra significava, aliás ontem foi minha Libação para Atena em seu dia e pedi sua sabedoria e conselhos, disse a Atena que eu tinha que ser sábia e que eu desejava profundamente saber o que fazer.
Basicamente foi o que eu fiz ao chegar ao serviço e me deparar com minhas doze horas em frente ao computador em meu trabalho, procurar o significado da letra Teta para saber qual era a mensagem dos deuses. E deparei-me com esse significado no Oráculo Apolíneo: “Os deuses te auxiliarão neste teu caminho”. Θ pode ser interpretada nesse caso como "Theoi", "Deuses" e eu posso entender que nesse caso, isso é coisa pela qual os próprios Deuses acompanham comigo.
Seja como for, isso me fez lembrar de uma época em que eu buscava por uma vida espiritual para lidar com as dificuldades em mudanças comportamentais e resgate de si mesmo, dentro de um grupo de apoio. Quando algo parecia tão difícil ou mais forte do que nós, tínhamos que buscar a ajuda de um Poder Superior para assim prosseguirmos e vencermos nossas dificuldades. Eu mesma ainda carrego muito disso em minha vida, acho que foi aquele tipo de aprendizagem em que você jamais esquece como fazer.
O ponto mais importante que qualquer pessoa deveria alcançar se chama Serenidade, para mim serenidade é aquele estado onde nos encontramos vivendo o presente, sem nos ressentirmos com o que passou e tampouco se preocupando com o que virá. Viver aqui e agora sem preocupações, deixando as coisas acontecerem por si mesmas. Gosto de uma explicação de Osho sobre algo aparentemente semelhante, ele diz que quando estamos vivendo realmente no presente nós aprendemos a Responder ao invés de Reagir. A reação seria basicamente agirmos diante de uma situação de forma parecida como agimos no passado em alguma situação semelhante. E responder seria basicamente agirmos de maneira a vivermos aquela experiência pela primeira vez, sem tentarmos nos lembrar de qualquer situação semelhante e pensar em que fim deu, para tão somente reagir.
Esse pensamento me trouxe de certa forma certa paz (serenidade) novamente, pois se sonho com algo pelo qual por minhas próprias forças eu não consigo resolver, e recebo uma mensagem como “Theoi”, Deuses, então não vejo qualquer motivo para me preocupar demais, resta-me apegar-me ainda mais em meus Deuses e seguir adiante em meu caminho simplesmente Respondendo (como aconselharia Osho). Pensamos na singularidade das pessoas e situações e jamais poderíamos nos basear numa situação passada por alguns motivos óbvios:
1º devido ao tempo e ao nosso constante renascimento, não podemos crer que somos as mesmas pessoas que fomos ontem. Portanto, tantas experiências nos transformaram, ainda mais nós que percorremos pelas trilhas do auto-conhecimento. Se nós já não somos os mesmos, quem dirá as situações.
2º o mesmo acontece com situações, por mais semelhantes que pareçam nada é o mesmo, muitas vezes pessoas, locais, etc nem são mais os mesmos, mas mesmo assim, muitas vezes agimos como que se tivéssemos vivendo a mesma coisa que antes e pensamos erroneamente que terá o mesmo fim que a outra. Ok, se sabemos que tomada dá choque não vamos ficar enfiando o dedo todas às vezes, mas isso também não significa que todas as vezes levaremos choques, pode ser que a companhia de energia pode ter cortado a energia para fazer reparos justamente no momento em que enfiamos o dedo, ou pode ser que está chovendo tanto que acabou a energia, whatever...
3º Nossa intuição sempre nos diz exatamente o que fazer, mas muitos não se sentem seguros com suas próprias vozes interiores, neste caso, recorremos então aos deuses que sempre sussurram bons conselhos pelo vento (ou usando algum amigo ou mesmo desconhecido para falar aquilo que precisamos ouvir).
Baseando-me nesses pensamentos, sabendo que os deuses estão me auxiliando e que nada tenho para me preocupar, resta-me chamar por Pã ou Dionísio e sair dançando pelos bosques por aí! Tenho ainda muito que fazer por mim, pelo meu caminho e pela minha vida cotidiana em si, ao invés de me focar em algo que no momento eu não tenho a menor capacidade física, emocional, mental e intelectual para resolver. Admitir que não estou pronta e aceitar esse fato, já é um grande passo para me sentir melhor comigo mesma e deixar que o tempo e os deuses resolvam isso por mim, nem que simplesmente me tornem pronta para resolver a questão.

quarta-feira, 25 de março de 2009

Bem vinda a nova vida!

Hoje me sinto lisonjeada, pois este mês que logo se acaba na lua nova (Elaphebolian) começou com um sonho na Noumenia, onde eu bebia a água de um caldeirão enquanto recitava o Hino Homérico a Apolo. Elaphebolion foi para mim um mês de “morte”, de introspecção, de um buscar espiritual maior que em qualquer outro momento da minha vida. Lembro-me que no começo do mês eu me queixava, pois após ter sonhado com a “Morte” como um ser encarnado, fiquei temerosa de que esse mês seria um mês daqueles que todo mundo quer fugir.
O que eu não compreendia era o surgimento tão forte de Dionísio em minha vida de uma hora para a outra. Como sou muito nova nesse caminho, muitas coisas me eram incompreensíveis (e creio que ainda o são) e eu ainda tinha muito que entender e saber. No inicio da Cidade Dionisíaca, acordei repetindo em minha mente o nome Zagreu de Dionísio e ao ver o que significava, no português claro e chulo, eu soltei um sonoro e triste “fodeu”. Fui vendo minha vida se despedaçando, tudo parecia turbulento e confuso. Os sonhos não paravam, mas eu não os entendia, tudo o que eu pensava em minha mente era: “Os deuses estão ferindo, talvez me lapidando e não sei por que pago tão alto preço”.
Hoje estudando um pouco mais o Helenismo, me deparei com a simbologia de beber Dionísio no caldeirão: “Em outra versão do mito, Dionísio (Zagreu) é filho de Zeus e da deusa Perséfone, Rainha do Submundo. Hera pediu aos titãs para atrair a criança com brinquedos e então eles o despedaçaram, colocando-o em um caldeirão e comendo tudo exceto o seu coração, que foi salvo por Atena (ou Deméter, em outras versões). Zeus refez seu filho através desse coração e o deu a Semele para fazer um novo Dionísio, o mesmo que reaparece em Elêusis como Iaco. Por isso, ele é chamado “duas vezes nascido” ou “o de duplo nascimento” (Dio-nísio)”. -
Dionísio e seu Renascimento.
Como entendo que minha vida cotidiana é puro reflexo de minha vida espiritual, vejo que não é de se estranhar que enquanto estou sendo espiritualmente devorada pelos titãs para depois renascer, minha vida também é devorada para também renascer. O que faz todo sentido agora ao me lembrar que neste mês fiquei paralisada diante de um texto de minha amiga helênica e minha reflexão sobre ele, sobre ser ferida pelos deuses para aprender curar (Quíron). Não obstante é necessário morrer para renascer (iniciação).
Já na semana da próxima Noumenia (de Mounykhion [Daisios]) sonho com a encruzilhada, onde eu observo fogos de artifícios que eu mesma havia feito admirada com sua beleza e que entre vários desenhos, desenham um rio cheio de peixinhos. Acordei animada, havia uma mensagem em minha mente de que eu veria beleza em meus esforços e sendo a encruzilhada pertencente ao caminho, Hermes e Hécate, não seria de se admirar que eu ficasse animada esperando as boas novas do mensageiro dos deuses, como as bênçãos e sabedoria da Trioditis.
Isso explica porque grudei em Dionísio como uma criança assustada durante a noite agarrada ao seu ursinho de pelúcia. Guiada e instruída intuitivamente pelos deuses, fui adentrando esse caminho e abrindo-me para conhecer sem deixar que minha pouca disposição e indisciplina prejudicassem o andar da carruagem. Embora vivendo momentos de profundo desespero e dor, em meio a tantos acontecimentos difíceis, xingando e reclamando vezes ou outras, não deixei sequer por um momento de honrar e cultuar meus deuses. Então, se houve algum tipo de prova, não creio que eu tenha falhado.
Esse entendimento todo surgiu hoje, pois em meio a um momento difícil durante meu dia, me agarrei novamente as minhas preces a Dionísio, pedindo para que eu não caísse ou sofresse novamente, despertando em mim o desejo de viver alegremente a minha vida independente das coisas que acontecem ao redor. Mas, o que mais chamou atenção, principalmente durante essa semana, foi o pensamento obsessivo e a admiração de Dionísio pela sua história de buscar o reconhecimento como um Deus filho de Zeus. Reconhecimento foi além das palavras “entusiasmo" e "libertação” o que mais me chamou a atenção em Dionísio. Partindo do pressuposto de que estou intuindo todo esse processo realizado pelos Deuses e de minha disciplina no culto, basicamente a palavra reconhecimento é uma de minhas vitórias nesse caminho.
Novamente retornando ao meu sonho com a encruzilhada, a impressão que tenho é de receber a mensagem dos deuses dizendo: “Está pronta, pode percorrer agora o caminho”. É como que pudesse dizer que me tornei verdadeiramente Helênica na Noumenia de Elaphebolion de 2009 da era comum. Mesmo estudando sobre isso desde outubro do ano passado, mas tendo agora a certeza em meu coração de que sou “reconhecida” como filha de Zeus (Xaire, Dionísio). Sinto isso como se ouvisse as vozes dos Deuses Antigos me dizendo: “Bem vinda a sua nova vida!”

quarta-feira, 18 de março de 2009

Cante pelos bosques!

Dionísio, deus do êxtase e do
entusiasmo, levava com seu cortejo alegria e felicidade por toda a Grécia onde
também era considerado protetor das belas artes.

“Ele ouve e considera tudo; nem sequer um discurso,
nenhum choro, nem barulho, nem voz nefasta escapa do ouvido de Zeus” – Hino
Órfico

O único meio de comunicação que eu tenho com os deuses, exceto em casos raros que os escuto quando estou desperta, é através de sonhos. De todo modo hoje foi um daqueles dias difíceis. Como algumas pessoas sabem, não estou em um dos meus melhores momentos, estou atravessando aquela fase insegura da mudança, como alguém que entra em seu barquinho e tenta atravessar o rio de uma margem a outra. Só que há dias sinto que eu estou parada no meio do rio e isso me deixa muito triste, não somente com a situação, mas em especial comigo mesma.
Vivendo ao longo desses anos, eu descobri que sempre há aquele momento em que perdemos nossas forças, em que estamos tão confusos ou tão inseridos dentro de nossos dramas emocionais ou simplesmente mentais, que não conseguimos nos reconhecer, que perdemos total e completa noção de quem nós somos. Os momentos de intensa dor ou de desespero são comuns a todos nós que caminhamos sob o sol, ninguém está livre disso. Não importa o que faça você perder o sono ou dormir demais (fuga), importa que sempre haverá momentos em que somos abatidos pela tristeza e a duvida e vejo que são nesses momentos que os deuses fazem o trabalho deles.
Enquanto temos forças para seguir e reagir, os deuses vão nos guiando e aconselhando pacientemente, mas naquele momento em que nos encontramos despedaçados, em que não vemos uma saída, em que não conseguimos seguir por mais que q1ueremos, ou que caímos sobre nossos joelhos de pura exaustão, então os deuses vêm para nos levantar pelas mãos e nos mostrar que não estamos sozinhos e que tampouco fomos por eles abandonados e nos mostram que em nenhum momento em nosso caminho, por mais difícil que esse pareça, eles nos deixaram sozinhos sequer por um segundo. Mesmo aquela prece que proferimos e que nem sentimos nada demais escapou dos ouvidos dos deuses.
Foi uma dessas preces dolorosas e sinceras que eu fiz durante a manhã, aquela em que descarregamos toda a nossa carga emocional, em que proferimos sinceramente que se estamos pedindo por ajuda é porque não sabemos mais o que fazer, ou como fazer ou estamos tão cansados que mesmo sabendo o que fazer não conseguimos nos mover. Eu estou nesse momento em que não posso ficar, mas também eu não consigo seguir. Mais nenhum humano no mundo poderia fazer isso por mim e foi com um sincero apelo que eu disse: “Os Deuses têm me ajudado em tudo o que tenho pedido. Por que não me ajudam nesse quesito? Por que não fazem por mim o que mais ninguém nesse mundo e tampouco eu estou conseguindo fazer? Não importa o que façam, eu só quero me ver livre desse sofrimento!”.
Eu acordei com uma forte tempestade caindo, os trovões eram tão altos que tremiam as paredes de casa, São Paulo inteira já estava debaixo d’água e a lembrança de meu sonho, onde após uma lição sobre aprender a guerrear no inverno, eu entrava em casa cantando para Zeus e Dionisio. Uma experiência mística, que me trouxe certezas e não fé, porque eu particularmente não gosto da palavra fé, fé me parece sugerir que acreditamos em algo que está distante. A minha experiência hoje vai além disso, eu tenho certeza, tenho confiança em meus deuses, não como algo distante, mas como Pai e Irmão que estiveram comigo me ouvindo naquele momento em que eu mais precisava ser ouvida e a confiança de sustenção como que se o próprio Zeus tivesse sussurrado em meu ouvido num abraço: “Fique tranquila, nós daremos um jeito nisso”. Como minha amiga helenica me disse sabiamente, enquanto estamos aqui insanamente sofrendo, Zeus está lá em cima já sabendo de tudo o que nos aconteceu e o que nos acontecerá.
Foi exatamente essa certeza que me inspirou escrever um post onde eu me coloco de maneira vulnerável e fragilizada, mas perfeitamente humana. Essa é uma forma de agradecimento, de dizer para os outros sinceramente que não importa os momentos pelos quais passamos, nossa capacidade ou a falta dela, nossos desejos ou tentações (tentação no sentido de desejar algo para se livrar do sofrimento e conseqüente crescimento que esse nos traz, porque é muito fácil desejar não sofrer e viver num ilusório mar de rosas, mas sofrer [não como um modo de purificação] nos impulsiona a mudar e nos transformar) que nós podemos contar com um poder superior que nos traz força para continuar e prosseguir em nosso caminho. Entenda, não posso acreditar em deuses que não riem e que não dançam, como também não posso acreditar em deuses que repudiam nossa humanidade.
Tenho plena confiança que em breve estarei escrevendo mensagens mais animadas e alegres, porque logo estarei dançando pelos bosques com Dionisio e espalhando por aí toda alegria e embriagues divina. E orgulhosa de saber que eu irei realmente fazer jus as palavras que eu escrevo, como profetisa que sou [Xaire, Apolo! Teu dom, tua dádiva!]. E assim provaremos eu e minha amiga helenica (e quem mais os deuses quiserem), como nossas cadelas negras anunciaram, a nossa primavera. Então, que venha!

quarta-feira, 11 de março de 2009

Boa Dikhomenia

Dikhomenia - "Eu divido em duas partes!"
(Basicamente o que eu usarei em meu ritual dessa noite, talvez insira mais alguns Hinos a Afrodite, libação e oferendas)
Hino Homérico #32 para Selene
Traduzido por Alexandra.

E, em seguida, as Musas de vozes doces, filhas de Zeus, bem habilidosas em canção, contam da Mene (Lua) de longas asas. De sua cabeça imortal um resplendor se mostra dos céus e abraça a terra; e grande é a beleza que se ergue de sua luz brilhante. O ar, antes apagado, incandesce com a luz de sua coroa dourada, e seus raios irradiam claramente, sempre que a brilhante Selene banha seu amável corpo nas águas do Oceano, e veste seus trajes de belas centelhas, e une sua brilhante equipe de pescoços fortes e dirige seus cavalos de longas crinas a velocidade máxima, ao anoitecer no meio do mês: então sua grande órbita é cheia e então seus raios brilham mais forte enquanto ela cresce. Então ela é um verdadeiro símbolo e um sinal aos homens mortais. Uma vez o Cronida [Zeus] se juntou a ela no amor; e ela concebeu e carregou uma filha, Pandéia, de excedente amabilidade entre os deuses imortais. Salve, deusa dos braços brancos, brilhante Selene, terna, rainha de longos cabelos brilhantes! E agora eu lhe deixo e canto a glória dos homens semi-divinos, cujas ações os menestreis, os servos das Musas, celebram com lábios amáveis.

Hino Órfico para a Lua -
A Fumigação de Aromáticos.
(Traduzido por Alexandra)

Ouça, deusa rainha, difundindo luz prateada, a do chifre de touro que vaga pela escuridão da Noite. Cercada de estrelas, e com largo circuito, tocha da noite estendida, pelos céus tu passeias: Fêmea e Macho, com raios emprestados brilhas,
E agora de orbe cheia, tendendo a minguar, Mãe das eras, lua que produz frutos, Cuja orbe de âmbar faz o refletivdo meio-dia noturno: Amante de cavalos, esplêndida, rainha da Noite, Poder que tudo vê, enfeitada da luz estelar.
Amante da vigilância, inimiga da discórdia, em paz rejubilante, e de vida prudente:
Bela lâmpada da Noite, seu ornamento e amiga, Que dá aos trabalhos da Natureza seu destino final. Rainha das estrelas, toda-sábia Diana, salve! Ornada de um gracioso robe e brilhante véu; Venha, Deusa abençoada, pudente, estrelada, brilhante. Venha lâmpada lunar de luz esplêndida e singela, brilhe nesses ritos sagrados com raios prósperos. E por favor aceite esta suplicante prece mística.

Poema (escrito por mim):

Hoje eu acordei para ver a Lua, antes dela me buscar.
E ao sair de casa e para cima olhar, a Lua estava lá.
Saudei-a com um olá e passei a admirar,
E para minha surpresa, doce Selene, passou a me beijar.

Eu que durante a noite sempre somente a fitava,
Agora estava em seus braços, como filha, deslumbrada.
Sabia que no céu, ela brilhava, Selene, com Venus acompanhada,
Ambas em conjunção apoiadas, para Venus testemunhar o amor e o amar.

Grande dama dos poetas, senhora que dos homens és a inspiração,
Entronando-te na cheia, com teus raios a terra a iluminar.
Compreendendo de dentro de ti os mistérios do amor e da paixão,
Ó tu, que dos poetas é amada, lua, Selene sagrada, venha me buscar.

Tu que não permaneces no Olimpo junto aos demais deuses,
Onde no céu faz a tua jornada, mas antes de começá-la, se banha no mar.
Uma linda deusa, de braços brancos, com longas asas,
Que percorre o céu em seu carro prata, para aos homens dar sua luz plácida.

Eternamente dorme teu pastor a quem tu amas,
E amas ainda mais a contemplar, abundante até no amar,
Derrame sobre nós as tuas graças e deixe-nos nos teus domínios adentrar,
E então, deusa, no meio do mês, viemos nós sinceramente te saudar!

Deipnon

Deipnon (δεῖπνον)
Tradução e Correção: Priscila Ferreira e Elidia Martins

A principal refeição de gregos e romanos corresponde ao nosso jantar, o substituindo. Como as refeições nem sempre estão bem distintas, é conveniente dar um breve resumo de todos eles sob a presença do chefe.
Os materiais para relato das refeições gregas, durante o período clássico de Atenas e Esparta, são quase todos confinados a incidentais alusões a Platão e aos escritores cômicos. Muitos autores ancestrais, chamados δειπνολόγοι são mencionados pelo Athenaeus, mas, infelizmente, suas escrituras apenas sobreviveram em fragmentos. Seu grande trabalho, o Deipnosophistae, é um tesouro incomensurável deste tipo de conhecimento, alem de muito bem arranjado. Veja Athenaeus.
Os poemas de Homero contem uma figural real das antigas maneiras, em todo valor de atenção dos antiquários. Como eles se mantiveram fora de todos os outros escritos, é conveniente mostrar em um ponto de vista o estado das coisas que eles descreveram. Não deve ser esperado, no entanto, que as refeições homéricas devem concordar com os costumes do período. Athanaeus (i. 8), que entrou profundamente no assunto, observou a simplicidade dos banquetes homéricos, no qual os reis e homens privados partilhavam da mesma comida. Era comum para personagens reais prepararem sua própria refeição, e Odisseu (Od.xv. 322) se declarou não muito bom na arte culinária.
Três nomes de refeições ocorreram nas ilíadas e odisséia ἄριστον, δεῖπνον, δόρπον ou δόρπος -. A palavra ἄριστον uniformemente significa refeição matinal e δόρπον significa refeição da tarde, mas δεῖπνον, geralmente significando refeição do meio dia às vezes é usada no lugar de ἄριστον ( Od.xv. 397) ou mesmo δόρπον ( Od.xvii. 170). Nós devemos ter cuidado, no entanto, em como discutir a partir de hábitos não acertados de um campo para os costumes normais da vida.
Na era Homérica era normal sentar-se a mesa, e este costume, nos foi dito, foi mantido pelas eras históricas pelos cretenses. Cada convidado geralmente tinha sua própria mesa, e uma igualitária porção de comida era colocado na frente de cada um, exceto quando um convidado especial era honrado pegando uma porção maior. O que nos impressiona como peculiaridade nos jantares homéricos era seu caráter religioso. Eles participavam mais ou menos da natureza do sacrifício, começando oferecendo uma parte da comida aos deuses, e começando e encerrando com a libação de vinho, enquantoa os termos para animais para refeições comum (ἱερεύειν, θύειν) e para o abate dos animais (ἱερήϊα) para uma refeição das cerimônias religiosas. A descrição de jantar dada por Eumaeus na Odisséia ( Od.xiv. 420) nos da uma boa idéia de um jantar na era homérica na sociedade humilde, e a dada por Aquiles na Odisséia( Il.ix. 219 foll.) pode ser tomada como um banquete típico dos grandes no mesmo período.
Carne, carneiro, carnes suínas e de cabra eram os pratos comuns, geralmente comidos assados, às vezes cozidos ( Il.xxi. 363).. Peixes e aves eram quase desconhecidos (Eustath. ad Homer Od.xii. 330). Muitos tipos de vinhos são mencionados, notavelmente o Maronean e o Pramnian. Nestor tinha vinho onze anos (Homer Od.iii. 391).. Uma pequena quantidade era derramada no copo de cada convidado para fazer uma libação (ἐπαρξάμενοι δεπάεσσιν) antes de o vinho ser servido para degustação. Os convidados bebiam o vinho um do outro (Od.iii. 40) e uma segunda libação era feita para os deuses fecharem o repasto( Od.iii. 332).
Os gregos de uma era mais antiga geralmente partilhavam de três refeições, chamadas ἀκράτισμα, ἄριστον, e δεῖπνον. A última, que corresponde ao δόρπον dos poemas homéricos, era a refeição da tarde ou jantar, o ἄριστον era o almoço e a ἀκράτισμα que corresponde ao ἄριστον de Homero, era a refeição da manhã ou café da manhã. O ἀκράτισμα era feito logo de manhã (Aves, 1286). Ele é usualmente consistido de pão mergulhado em vinho sem mistura (ἄκρατος), donde derivou seu nome (Athen. i. 11).
Depois era seguida pelo ἄριστον ou almoço. A hora que estas eram tomadas é incerta, daí podemos concluir a partir de muitas circunstancias que era ao redor do meio dia, e correspondia ao prandium romano. À hora do mercado, o qual as provisões pareciam ter sido compradas pro ἄριστον, era das nove da manhã ate o meio dia. Em Aristófanes ( Vesp.605-612) Philocleon descreve o prazer de retornar pra casa depois de atender os tribunais, e partilhar de uma boa ἄριστον. Geralmente era uma refeição simples, mas claro variava de acordo com os hábitos de cada individuo (Oecon.xi. 18).
A principal refeição, contudo, era a δεῖπνον. Era geralmente tomada um pouco mais tarde no dia, freqüentemente não antes do por do sol (Lysias, de Caed. Eratosth. 22).
Os atenienses eram um povo sociável, e eram grandes apreciadores de jantar em companhia. Entretenimentos eram geralmente dados, ambos da era heróica e tempos mais antigos, quando os sacrifícios eram oferecidos aos deuses, tanto em publica quanto em situações privadas, e também no aniversario de membros da família, ou para pessoas ilustres, estando vivas ou mortas. Plutarco ( Symp.viii. 1. 1) fala de um entretenimento que era dado no aniversario de nascimento de Sócrates e Platão.
Clubes de jantares eram bem comuns, os membros de cada um contribuiam com certa soma, chamada συμβολή, ou traziam suas próprias provisões. Quando o primeiro plano era adotado, eles diziam ἀπὸ συμβολῶν δειπνεῖν e um individuo era geralmente encarregado com o dinheiro para comprar as provisões e fazer todas as preparações necessárias (Terence, Eunuch. iii. 4). Quando o segundo plano era adotado, eles diziam ἀπὸ σπυρίδος δειπνεῖν, porque as provisões eram trazidas em cestas. Este tipo de entretenimento era falado por Xenophon ( Mem.iii. 14. 1). Em Homero a palavra ἔρανος correspondia com o antigo ἀπὸ συμβολῶν δεῖπνον, enquanto εἰλαπίνη denota um entretenimento publico tal como um festival (Athen. viii. 362 e).
O tipo de entretenimento mais comum, contudo, era aquele em que uma pessoa convida seus amigos para sua própria casa. Era esperado que eles devessem vir vestidos com maior cuidado, e também banhados logo antes, por isso, quando Sócrates ia para um entretenimento em Agathon, dizia-se que ele se lavava e colocava os sapatos – coisas que ele raramente fazia (Plato, Symp.174A). Assim que o convidado chegava à casa de seu anfitrião, seus sapatos ou sandálias eram tirados pelos escravos e seus pés lavados (ὑπολύειν e ἀπονίζειν). Em trabalhos ancestrais de arte freqüentemente se vê um escravo ou outra pessoa no ato de tirar os sapatos dos convidados, o qual um exemplo é dado na próxima pagina de uma terra-cota no museu britânico. Depois de seus pés serem lavados, os convidados se reclinavam em κλῖναι ou sofás.
Sentar nas refeições era como já foi observado, a prática da era heróica, mas no período clássico era confinada a Creta. Mulheres, no entanto, quando admitidas nos banquetes em extraordinária ocasiões, como um casamento (para eles eram geralmente excluídas da mesa quando convidadas), tomavam a postura de sentar (Lucian, Conv.13) e também as crianças( Symp.i. 8).. Uma representação muito comum de um monumento funerário é a refeição em família, com o marido reclinando, e a mulher e as crianças sentadas ao seu lado. Onde mulheres eram representadas reclinadas numa refeição, significava por Hetaerae.
Era comum para apenas duas pessoas reclinarem em cada sofá. Nos trabalhos ancestrais de arte nós normalmente vemos convidados representados desta maneira, mas às vezes tem um numero grande em um grande κλίνη. Os convidados reclinados com seus braços esquerdos em travesseiros listrados e com seus braços direitos livres. (Cf. Aristoph. Vesp.1210.)
Depois dos convidados terem se colocado no κλῖναι, os escravos traziam água para lavar suas mãos, e ai o jantar era servido, a expressão para isso era τὰς τραπέζας εἰσφέρειν ( Suet. Vesp.1216). Por τὰς τραπέζας εἰσφέρειν podemos entender não meramente os pratos, mas as mesas eram colocadas para eles (Philoxen. ap. Athen. iv. 146 f).. Parecia que uma mesa, com provisões em cima dela, era colocada diante de cada κλίνη: e deste modo nós encontramos todos os trabalhos ancestrais de arte representando um banquete ou simpósio, uma pequena mesa ou trípode colocada perante o κλίνη: e quando tem mais de duas pessoas no κλίνη, varias dessas mesas. Estas mesas eram evidentemente pequenas o bastante para serem movidas com facilidade.
Pra comer, os gregos não tinham facas ou garfos, usavam seus dedos somente, exceto para comer sopas e outros líquidos, o qual eles partilhavam através de uma espécie de colher (μύστρον) ou pedaço de pão no formato de uma colher (μυστίλη) (Suidas, s. v. μυστίλη). Depois de comer, eles varriam seus dedos em pedaços de pão, chamado ἀπομαγδαλιαί, e depois atiravam aos cachorros (Aristoph. Eq.415). Napkins (χειρόμακτρα) não eram comuns ate o período romano.
Parece que a arrumação do jantar era confiada a certos escravos. Aquele que tinha um chefe gerenciando era chamado τραπεζοποιός ou τραπεζοκόμος (Athen. iv. 170 e; Pollux, iii. 41; vi. 13). A palavra grega para menu era γραμματίδιον (Athen. ii. 49 d).
Geralmente excedia-se o limite deste trabalho dar uma olhada na variedade de pratos que foram introduzidos ao jantar grego, embora seu número seja bem menor daqueles que usualmente eram partilhados nos entretenimentos romanos. A comida mais comum entre os gregos era a μάζα, uma espécie de bolo leve, que era preparado de diferentes maneiras, como aparece com vários nomes (Pollux, vi. 76). A φυστὴ μάζα, o qual Philocleon partilha retornando pra sua casa dos tribunais ( Suet. Vesp.610), é dita pelos Scholiast feita de cevada e vinho. O μάζα continuado desde os tempos mais antigos é a comida mais comum das classes mais baixas. Pão de trigo ou cevada era o segundo tipo mais comum de comida, às vezes era feito em casa, mas mais comumente comprada no mercado. Os vegetais geralmente comidos eram malva (μαλάχη), alface (θρίδαξ), couve (ῥάφανοι), ervilha (κύαμοι), lentilha (φακαῖ). Porco era a principal carne, também entre os romanos. Salsichas também eram comuns. É um fato curioso, o qual Platão (Rep.iii. 13 Rep., 404) observou, que nunca se leu que Homero ou os heróis comiam peixe. Em tempos mais antigos, contudo, peixe era uma das comidas preferidas dos gregos, tanto que o nome da ὄψον era aplicada pra κατ ἐξοχήν. Alguns nomes dos peixes que os gregos costumavam comer são dados no final do sétimo livro do Athenaeus, organizado em ordem alfabética.
A refeição comum das famílias era cozida pela governanta da casa, ou por uma escrava sob a direção dela, mas para ocasiões especiais cozinheiros (μάγειροι) eram contratados, dos quais parecia haver um grande numero ( Diog. Laert.ii. 72). Eles eram freqüentemente mencionados em fragmentos de poetas cômicos, e aqueles que eram conhecidos com todo o refinamento de sua arte eram requeridos em grande demanda em outras partes da Grécia. Os cozinheiros sicilianos, no entanto, tinham a melhor reputação, e um livro siciliano de culinária Mithaecus é mencionado por Platão, mas o mais celebrado trabalho deste assunto é o Γαστρολογία de Archestratus (Athen. iii. 104 b).
Um jantar dado por um opulento ateniense usualmente consistia de dois pratos, chamados respectivamente de πρῶται τράπεζαι e δεύτεραι τράπεζαι. Pollux (vi. 83), de fato, falando de três pratos, que era o numero em um jantar romano, e do mesmo modo nós encontramos outros escritores do império romano falando de três pratos nos jantares gregos, mas antes da conquista da Grécia por Roma e a introdução dos costumes romanos, nós lemos sobre dois pratos apenas. O primeiro prato era propriamente o que entendemos como jantar, peixe, carne, etc (ἐδέσματα), o segundo que correspondia a sobremesa e a bellaria romana, consistia de diferentes tipos de frutas, carnes doces, confeitos, etc (τρωγάλια). O primeiro prato romano eram saladas, vegetais, etc, e era desconhecido pelos gregos no tempo de sua independência.
Quando o primeiro prato era terminado, as mesas eram retiradas (αἴρειν, ἐκφέρειν, βαστάζειν τὰς τραπέζας) e água era dada aos convidados com o propósito destes lavarem as mãos. Coroas feitas de guirlandas de flores também eram dadas a eles, com vários tipos de perfumes. Vinho não era bebido ate que o primeiro prato fosse terminado, mas assim que os convidados lavavam as mãos, um vinho misturado era produzido numa mesa grande, chamada μετάνιπτρον ou μετανιπτρίς e cada um bebia um litro, depois de derramada uma pequena quantidade na libação. Esta libação era dita para trazer um bom espírito (ἀγαθοῦδαίμονος), e era geralmente acompanhada com a canção de um hino e flautas tocando. Depois desta libação vinho misturado era trazido, e com seu primeiro copo o convidado bebia a Ζεὺς Σωτήρ ( Symp.ii. 1). Com o σπονδαί e o δεῖπνον fechados, e com a introdução da sobremesa (δεύτεραι τράπεζαι), o πότος, συμπόσιον, ou κῶμος iniciavam o qual um resumo é dado no artigo Simpósio.

terça-feira, 10 de março de 2009

Festival de Dioníso - Urbana

“Ao homem sensato cabe cultivar uma disposição equilibrada”Dioniso em “As
Bacantes” de Eurípedes.

A presença deles (os deuses) nos fere para nos curar e, a partir daí, curarmos
outros. Como Quíron, o "curador ferido""
. Alexandra


Seguindo tudo direitinho, comemorei ainda essa semana o dia de Artemis, Apolo e Poseidon/Asklepeia. E então, no final de semana iniciei o festival de Dioniso. Admito que isso não foi muito fácil, minha vontade era ínfima e ainda assim eu deixei isso muito claro no inicio do rito. Tinha feito tudo, comprei o que tinha que comprar, mas na hora bateu aquele desânimo. Isso aconteceu porque têm acontecido algumas coisas chatas comigo e como uma boa criança mimada que sou, estava de “biquinho”.
Minha semana fora difícil, mas bem sei de onde eu tirei minhas forças e isso ficou muito evidente hoje no momento em que eu estava simplesmente fazendo algumas preces e depois cantando algumas canções pagãs que eu conheço. Logo no período da manhã eu me sentia muito triste, acordei até mais cedo que o previsto e caí num pranto dolorido, mesmo na noite anterior ter ido dormir aos risos após um pequeno momento ritual a Dioniso ao lado da minha irmã.
Então, um tanto cansada de ficar me lamentando sobre minhas dores emocionais, eu acabei por decidir meditar e foi exatamente o que eu fiz. Fui aos poucos me acalmando, mas então após minha meditação eu fui fazer minhas preces a Dioniso, que tenho feito todos os dias de seu festival. Foi então que meu humor milagrosamente foi se modificando, não fiquei feliz, devo admitir, mas fiquei equilibrada, em paz, calma e otimista. Meu diário se encheu então de coisas que escrevi, que agora para mim não parecem fazer o menor sentido, como que se eu tivesse tomada por um tipo de fé, coisa que sinceramente não cultivo muito.
Minha natureza normalmente é analisadora, observadora e realista, porém a sensação que eu tive a tarde é que estava voando e acreditando em coisas que eu jamais me julguei capaz de acreditar, um negócio bem do além mesmo e por incrível que pareça, por mais que eu devo ter repetido a palavra loucura milhares de vezes a cada frase que eu escrevia, eu tinha plena convicção de que eu estava vendo algo bem palpável, que agora o meu ceticismo já coloca naturalmente em xeque.
Mas, isso só se fez confirmar que na verdade tudo o que eu tive a tarde foi uma experiência de êxtase espiritual, que eu penso ser bem típica do Deus a quem saudamos no festival. Minha alteração no humor tão aparente também foi notável e quando a noite eu resolvi reler “As Bacantes” eu pude notar com certo alívio que é exatamente esse o caminho que os deuses têm me mostrado, que é possível ficarmos equilibrados mesmo nos momentos em que julgamos ser tão difícil ter o menor bom senso, mas podemos cultivar a disposição equilibrada. Posso estar bem longe de ser um exemplo de equilíbrio, mas posso estar disposta a isso.
Durante a tarde eu tive uma experiência de estar viva mesmo tão acometida pela tristeza dos últimos acontecimentos em minha vida, e, após um alto trovão caiu à grossa chuva e eu saí correndo pelo quintal, com as palmas das mãos erguidas para o céu e deixando a chuva me molhar, gritei: “Kaire, Zeus”. E retornei para dentro de casa, dando pulinhos e gritinhos pelo vento que me fez arrepiar toda de frio. E então eu tive o pensamento: “Para quem se encontra tão triste, até que estou bem doida!”.
Domingo eu acordei durante a madrugada com um nome se repetindo em minha cabeça, Dioniso Zagreus. Acabei por encontrar que Zagreus é um epíteto de Caçador a Dioniso e fiquei pensando: “Mas, que raio que ele está vindo caçar na minha cama?”. E então, hoje pude me relembrar que ele é o caçador de bacantes e isso me deu certo alívio, pois Zeus me livre ser caçada por qualquer deus nessa altura do campeonato. Estou farta de inimigos e acontecimentos chateadores, obrigada.
Porém, eu estou otimista, muito otimista, embora meu ceticismo muitas vezes me impila a pensar que eu só estou louca, ou querendo encontrar um motivo para não enxergar a realidade tal qual ela é, estou num ponto onde ou eu acredito ou acredito. E por mais louco que isso pareça eu acredito que isso é somente uma questão de dias. Em todo caso vou esperar e continuar seguindo minha vida da forma como eu tenho feito e esperando que logo todas essas dores emocionais venham a cicatrizar.

sexta-feira, 6 de março de 2009

Libação Afrodite

A coisa toda está fluindo, fazia tempo que eu não entrava no fórum de Helenismo, aí me deparei com duas libações muito legais, uma de Janeiro para Hera e uma de Fevereiro para Afrodite. No domingo eu vim trabalhar e estava olhando no procedimento dessas libações, domingo era o primeiro dia de Março, então eu acabei pulando as duas, por falta de observação. Ok!
Cheguei em casa ainda carregando as folhas onde estavam as libações devidamente anotadas e fiquei pensando em fazer para Afrodite, porque poderia estar pegando o restinho de fevereiro no primeiro dia de Março, sei lá. Não passou nada muito lógico em minha cabeça, primeiro fui colocando um monte de obstáculos, porque eu não teria isso, ou aquilo, porque estava cansada, estava calor, preguiça. Mas, não sei por que cargas d’água ao abrir a porta do meu quarto e notar que ele estava uma bagunça, eu pensei, vou arrumar para fazer a libação de Afrodite.
Terminei de limpar e organizar o quarto tarde da noite, mas já estava decidida que faria, lembrei que não tinha chocolate e que eu não tinha comprado, mas minha irmã mais nova que se interessou muito pelo Helenismo depois de algumas bênçãos que recebemos de Apolo, disse que ela faria brigadeiro. Ótimo, mais uma fase vencida. Eu estava me sentindo muito cansada, esse negócio de trabalhar com essa carga horária maluca que eu tenho, mais uma faxina no quarto me deixou cansada, mas ainda assim sentei em minha cama após um bom banho e escrevi um poema pra Afrodite.
Logo minha irmã também estava pronta e iniciamos. O altar ficou lindo (uma pena não ter tirado fotos) e a única flor que eu consegui para Afrodite naquele dia, tarde da noite como saí do trabalho, foi uma violeta com as florzinhas roxas, li num texto que na verdade é importante que façamos mesmo que erramos, com a cara e a coragem eu fiz. Mas, enfim quis até me animar com danças após o ritual, mas eu estava cansada demais para isso, li alguns poemas, fiquei falando de Afrodite e outros olimpianos com a minha irmã e dormi. Deixei a vela de Héstia acesa ainda e foi um negócio de louco meu sono.
No dia seguinte acordei me lembrando de tudo, mas me lembro que quando o sonho se iniciou eu estava falando com alguma deusa, sei que acordei quando isso aconteceu e olhei para a vela de Héstia que queimava e não sei se isso bagunçou as minhas lembranças, pois ao acordar não me lembro de quem exatamente estava falando comigo, se Héstia ou Afrodite, tampouco do que falava, mas me lembrava do meu sonho completamente e incrivelmente ou não, ele falou exatamente tudo o que está acontecendo comigo essa semana, todas as desgraças que aconteceram, porque desgraça pouca é bobagem e também me deixou bem informada, ao menos era a sensação que eu tinha, que meu trabalho e J. seriam as únicas coisas as quais eu não teria problema. Foi o que aconteceu, afinal das contas, por mais que não estivesse falando com J. a semana toda.
O mais engraçado desse sonho, foi estar com J. no meu local de serviço, mas bem diferente do que é aqui, eu trabalhar no andar de cima com mais quatro anjos, no sonho eu dizia também ser um anjo e dizer para meus colegas de trabalho da parte de baixo, que eles estavam usando algo vencido, que usando até 4 (como um tipo de data) ele já estaria vencendo mas ainda dava para usar, mas se passasse de 8 então não teria mais utilidade alguma. Eu fiquei com aquele pensamento insistente de que eu devia saber o que esses números eram, o que significavam...

Voltando ao passado:
Dia 26/02 eu sonhei que estava na cozinha da minha casa, sobre a pia havia meu caldeirão cheio de água com um tipo de fumaça parada, como uma neblina mesmo por sobre a água, eu então recitava o Hino Homérico a Apolo, eu estava vestindo um sobretudo preto e após recitar, com o indicador direito eu desenhava o número 7 na água do caldeirão e bebia a água no próprio caldeirão.
Neste mesmo dia à noite, já na madrugada do dia 27/02, eu briguei muito feio com o J. e desde então a gente não se viu mais. Dito isto...

Então, no dia seguinte a libação de Afrodite, eu estava ávida para descobrir que diabos tinha a ver J., 4 e 8. Entrei novamente no Fórum e o que me chamou a atenção foi que já estava disponível o calendário de 2009, sempre eu olhava para aquele calendário e ficava com preguiça de tentar entendê-lo, então eu o fechava e ia ver outra coisa. Mas, nesse dia como que por um milagre divino eu olhei e entendi. 26/02 foi Noumenia e eu nem sabia disso, mas meu querido Apolo me fez sonhar e bem, eu acho que devia ter feito alguma coisa.
Para o meu espanto, domingo dia 01/03 era dia de Afrodite, Elaphebolion 04, ontem dia de Poseidon, Elaphebolion 08 e hoje J. irá a noite a minha casa. Não sei muito o que pensar sobre isso, mas Afrodite e J. em minha vida é algo que tem tudo a ver. Certo, sendo mais clara possível, eu gosto do cara. Mas, enfim, são essas sincronicidades que estão me deixando maluquinha. Cara, os deuses gregos nos dão até data e prazo e isso não é a primeira vez que acontece. Mas, pra não ficar um post enorme falo disso num outro post.

quarta-feira, 4 de março de 2009

Boas Vindas

Eu não sei dizer se é o tédio ou se o fato de que me vejo novamente sozinha em meu caminho, que vim para o meio virtual mostrar um pouco de minha vida, este especialmente de minha religião. Só para ter mais um rótulo nessa minha garrafa velha, eu poderia me intitular Helênica ou o mais correto seria Helenista, de quem pratica o Helenismo.
Então, você deve se perguntar: “Mas, que diabos é isso?”. Cultuo os deuses gregos, a quem sou devota de Apolo. Quando eu escolhi esse deus como meu patrono (ou ele me escolheu, o que em minha visão parece o mais correto), eu não imaginava o quão duro seria me tornar sua sacerdotisa. Não, nada de sacrifícios mirabolantes, na verdade, eu sei por que um de seus epítetos diz que Apolo é aquele dos grandes sacrifícios.
No Oráculo de Delfos havia um dizer: “Conhece-te a ti mesmo e conhecerás os deuses e o universo” e ser sacerdotisa de Apolo é levar sim isso ao pé da letra, não por que você realmente queira, há muitos momentos em que em meio a minha dor emocional, eu não queria estar vendo um monte de coisas que eu vejo, mas a prática misturada à terapia faz que isso aconteça invariavelmente, mesmo que você não queira.
A verdade é obrigação de quem cultua Apolo, falar a verdade, ver a verdade, entender a verdade, não importa o quanto a verdade doa, não importa o quanto desejamos nos esconder de nós mesmos, nosso Deus Luminoso não quer saber. Vejo que o Helenismo de longe se parece com o cristianismo, não fosse por sua enorme quantidade de preces, porque você não se esconde atrás de um Deus que está no céu, mas o Deus que está no céu brilha em você.
Em seu dia eu tive que admitir para mim mesma que essa é uma constante, a mentira nos custa caro, tentar negar seus erros e defeitos também acaba nos custando muito caro. Às vezes eu mesma choro e imploro, mas eu sei que fui eu mesma quem pedi para me tornar uma pessoa melhor e essa é a área de Apolo, sem qualquer sombra de dúvidas e para se tornar uma pessoa melhor, você deve passar pelo processo de transformação, nem sempre isso é fácil, porque nem sempre nós mesmos somos adaptáveis o suficiente a não estremecer com a dor do fogo divino, mas talvez isso valha mais a pena do que eu possa supor nesse momento.
Inicio o Delfos, hoje no dia de Apolo segundo o calendário Ateniense. Talvez esse seja meu marco e eu assim espero que seja, porque como eu disse em minhas preces de seu dia: “Eu necessito olhar para o alto e dizer que meus deuses são os melhores que eu poderia ter”. Preciso de um pouco de alegria depois desse tempo difícil pelo qual eu tenho passado, um tipo de biscoito abençoado como um prêmio para quem aprendeu a lição. E vamos para o que interessa, pois devo fazer uma pequena homenagem a Apolo em seu dia (hoje até o pôr-do-sol).

Bem vindos a minha vida!